Reintegração do usuário em saúde mental é tema de fórum em Teresina

Hoje (18), Dia da Luta Antimanicomial, profissionais de saúde, usuários dos Centros da Atenção Psicossocial (CAPS), seus familiares, estudantes e participantes de movimentos sociais estarão reunidos para discutir o tratamento de transtornos mentais de forma a priorizar a inclusão social. É o II Forúm Antimanicomial que acontece no auditório da Associação Piauiense de Municípios (APPM).

O evento, organizado pelo CAPS II Sul, abordará a psicoterapia do ponto de vista adotado desde a reforma psiquiátrica brasileira, que acabou com os manicômios e os substituiu pelos CAPS, centros que priorizam o tratamento em colaboração com familiares e outros atores da vida dos seus usuários, de forma a promover sua reinserção na sociedade. “Queremos disseminar a ideia de que o usuário de saúde mental não deve estar enclausurado, estimular a capacidade de se reinventar e ver possibilidades nos outros”, afirma Marina Leite, gerente de atenção psicossocial da Fundação Municipal de Saúde (FMS).

A ideia é sair do modelo clínico e inserir o usuário no território onde vive, saindo do CAPS e esteja junto à sua família, com a colaboração das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Convivência, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e outros dispositivos. “A FMS está junto nesta luta, pois entendemos que o usuário de saúde mental tem direito a ter um tratamento digno e com cidadania”, diz o presidente Francisco Pádua.

O tema principal do Fórum este ano é a visão de Nise da Silveira (15.02.1905 – 30.10.1999), mulher pioneira na terapia ocupacional, introduzindo este método no Centro Psiquiátrico Pedro II do Rio de Janeiro. Para Nise, a terapia ocupacional era uma psicoterapia não verbal, única e apropriada à reabilitação de psicóticos. Nise da Silveira ressaltava o alcance da terapia ocupacional para além das formas convencionais de psicoterapia verbais, ao constatar que a comunicação com os esquizofrênicos graves só poderia ser feita inicialmente em nível não verbal.

Maria Francisca da Silva é usuária do CAPS AD, centro especializado no tratamento de dependência de álcool e drogas. Ex-alcoólatra, ela está a participando do fórum para compartilhar sua experiência. “Estou em tratamento há três meses e já sinto minha vida melhorar bastante. Foi uma bênção”, comemora a usuária.

Segundo Francisco Pádua, a Prefeitura de Teresina tem investido na estruturação da rede de saúde mental na capital, com a construção de novos centros. “No momento, estamos construindo um novo CAPS para a zona Norte, que ficará localizado na região do Lagoas do Norte, além de uma nova sede para a UAi, voltada ao atendimento de crianças e jovens usuários de crack e outras drogas”, diz o presidente. "Além disso, recebemos autorização do Ministério da Saúde para a construção de quatro novas sedes para CAPS que funcionam em prédios alugados", completa.

O II Forúm Antimanicomial contará ainda com duas mesas redondas, uma sobre a luta antimanicomial no Piauí e outra sobre a cidadania da pessoa com transtorno mental. Uma assembleia geral acontecerá no turno da tarde, cujo objetivo é discutir os caminhos possíveis para a política de saúde mental do município de Teresina sob os diversos olhares que estarão no evento.