Era um dia de terapia coletiva no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II Sudeste. A assistente social que dirigia o grupo pediu para que todos desenhassem algo que representasse seus sonhos em um papel. Dona Diomar Melo desenhou uma escola. 

“Desenhei uma escola. Porque meu sonho naquele momento era voltar a ministrar aulas. Lecionei mais de 26 anos no magistério e depois que me aposentei tive depressão e vim fazer tratamento no CAPS, mas sentia que algo faltava”, diz emocionada a professora Diomar Melo. Foi partindo do sonho dela que surgiu dentro do CAPS II Sudeste o projeto ‘Reescrevendo a História’, onde 12 usuários da unidade receberam aulas de português e matemática e puderam aprender a ler, escrever e realizar operações básicas de matemática. 

“Mais que um projeto educacional. É um projeto de resgate da cidadania. Nosso objetivo não foi substituir a escola regular, mas dá um apoio aos nossos usuários que não puderam participar da escola e nunca tinham aprendido a ler e escrever”, explica Célia Santana, assistente social do CAPS II Sudeste. 

O projeto ‘Reescrevendo a História’ teve dois anos e meio de duração. “Me sinto com a auto estima de volta. Foi muito gratificante. Todos os meus alunos do CAPS participavam bem das aulas. Melhoraram coordenação motora, linguagem e se tornaram pessoas sábias”, enfatiza a professora Diomar Melo. 

Uma das alunas que foi alfabetizada por dona Diomar foi Maria Luíza. “Agradeço bastante a professora por se dedicar a nós. Antes eu não sabia ler e hoje eu já sei ler, escrever. Já sei ir em um supermercado e saber os preços. Sei de tudo”, fala ela. Como consequência da aplicação do projeto ‘Reescrevendo a História’ constatou-se, por parte da equipe multiprofissional do CAPS II Sudeste, que a capacidade de escrita e leitura foram melhoradas e assiduidade ao CAPS foi aumentada. 

Houve também a ampliação da participação na comunidade e na família. Elevação da auto estima dos participantes; a capacidade de resolução de problemas do dia-dia foi melhorada. Ausência de episódios de crise entre os participantes e redução dos níveis de estigma social, disse Célia Santana, assistente social do CAPS II Sudeste.  

Segundo o presidente da FMS, Charles Silveira,  7 CAPS da capital consideram a integração familiar e social como peça fundamental no tratamento de doenças mentais. Essa forma de cuidado tem dado bons resultados e podemos dizer que o trabalho desenvolvido  é espetacular, dá todo suporte técnico e é fruto de uma cidade acolhedora".