Médico reforça equipe para atendimento de moradores de rua

A equipe do Consultório na Rua, estratégia na área da saúde que visa atender a população em situação de rua na capital, recebeu a adição de um profissional médico. Ele se junta à equipe itinerante, que é formada por enfermeira, técnica de enfermagem, assistente social, psicóloga e duas agentes redutoras de danos.

Os moradores de rua, que antes recebiam encaminhamento para as Unidades Básicas de Saúde quando precisavam de consulta médica, agora podem receber este atendimento no campo. “O atendimento que a gente presta aos nossos usuários é basicamente clínico”, explica o médico da equipe Alan Lira. “Quando a gente identifica alguma situação de maior gravidade ou de risco, a gente encaminha esse paciente para um serviço terciário, que seria uma internação, ou uma cirurgia ou realização de exames fora do nosso contexto”, diz.

Alan Lira explica que a média de atendimento diário varia de acordo com a demanda dos usuários, que procuram a equipe por demanda espontânea ou são identificados pelos profissionais de assistência social, para que possa ser feita a verificação do quadro clínico e tratamento posterior. O serviço conta atualmente com 500 usuários cadastrados, todos residentes em Teresina.

“A chegada do médico facilitou muito nosso trabalho, pois tínhamos dificuldades pelas características dos pacientes como falta de documentação e dificuldade de deslocamento”, conta a assistente social Melissa Lima. Segundo ela, o Consultório na Rua segue uma rotina de atendimento em unidades de saúde e no campo. Às terças-feiras, a equipe tem atendido no albergue Casa do Caminho, recebe uma média de 40 moradores de rua para pernoite. Às segundas-feiras, eles atendem na UBS Cidade Verde, ponto de apoio da equipe. Nos demais dias da semana, vão a campo.

Francisco Pereira é um dos moradores de rua que dorme na Casa do Caminho. Ex-usuário de crack, sobrevive da venda de bombons. Ele conta que tanto ele como sua esposa, também moradora de rua, são cadastrado no Consultório na rua há mais de um ano e desde então já fizeram diversos exames e recebeu encaminhamentos para os serviços de saúde. “Pra mim esse serviço é excelente, se não fossem por eles a gente não teria esse apoio, eles veem o morador de rua como gente”, desabafa.

Já Rafael silva é atendido há sete meses. Ele conta que vive na rua há três anos por problemas com drogas, e que por meio do Consultório da Rua pode ter acesso a tratamento de saúde mental no CAPS e também tratamento odontológico. “Agora com o médico ficou melhor ainda, ele já me tratou de uns problemas e agora eu estou muito bem”, relata.

De acordo com Melissa Lima, o diferencial do Consultório na Rua é que a equipe procura pelo paciente e incentiva que ele dê atenção à sua saúde, mesmo em situação adversa. Ela explica ainda que no primeiro contato com o paciente em situação de rua o objetivo é fortalecer o vínculo com o usuário para depois fazer a abordagem. “É uma população que está crescendo muito em Teresina e tem suas particularidades especificas, precisando de um atendimento em saúde diferenciado. A maioria dessa população é composta por adultos jovens, homens, 70 a 80% usam substâncias psicoativas”, conta ela. A maioria dos atendimentos se concentram em doenças sexualmente transmissíveis ou outros tipos de agravos como tuberculose, pneumonia ou doença de pele.

O trabalho é feito em conjunto órgãos de assistência social, como a Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (SEMCASPI), responsável por instituições como Casa do Caminho e Centro Pop, que auxiliam na localização e acompanhamento dessas pessoas.