EMPODERAMENTO DA MULHER

Parto natural é mais indicado para mãe e bebê

As mulheres que vão ter bebê não precisam, em geral, de uma cirurgia, de uma intervenção

Parto natural é mais indicado para mãe e bebê

Samara Costa

 

Humanizar é dar condição humana, é focar na mãe e no bebê, é ter uma visão holística, é respeitar a natureza do corpo. Humanizar o parto é dar o protagonismo do trabalho de parto à mulher. Os profissionais estarão presentes para intervir caso necessário e todos os procedimentos são discutidos antes de serem realizados.

“Eu já tinha ótima referência do Centro de Parto Normal. E quando cheguei fui muito bem atendida. Cheguei por volta das 3h45 da tarde e tive a neném às 21h33. Se eu tiver outra filha vou para lá novamente porque lá fui muito bem atendida. Eu, minha criança e meu esposo. A equipe de enfermeiros me passou uma segurança tão boa, que foi rapidinho o parto e deu tudo certo”, fala a cabelereira Ivoneide Alves Batista, mãe da pequena Isabelly, que agora tem 4 meses de vida. 

As mulheres que vão ter bebê não precisam, em geral, de uma cirurgia, de uma intervenção, elas podem e devem parir de forma natural. “Parto normal é parto natural, parto feliz! A dor se faz pequena tamanha grandeza e beleza do evento. É recompensadora, gratificante, até mesmo prazerosa para algumas mulheres. Já vi mulher parir sorrindo, prazer maior não há. Nascimento de um bebê, de uma mãe, de um pai, uma família! Parir de forma não intervencionista, humanizada, natural, não cirúrgica é ser ativa no processo, tomar o controle do seu corpo e seguir seu instinto feminino e deixar-se guiar”, explica Bruna Maria, uma das oito enfermeiras que atuam no primeiro Centro de Parto Normal da rede pública municipal da capital, localizado na Maternidade do Hospital Buenos Aires, zona Norte.

Ela fala ainda que se faz imperativo o conhecimento e empoderamento da mulher, de seu corpo, seu parto, seu filho, seu acompanhante, sua vida. “A escolha consciente e justa, pensando em todos os envolvidos. Não em um medo infundado do desconhecido. Como saber a dor e que tamanho é essa se não vivenciarmos. Nós focamos nos partos sem intervenção, não usamos ocitocina, não fazemos a episiotomia (corte cirúrgico feito no períneo), a gente não faz tricotomia (raspagem dos pelos pubianos), também não fazemos enema (lavagem intestinal)”, diz.

Um Centro de Parto Normal tem equipe multiprofissional composta por anestesistas, pediatras, corpo de enfermagem, assistentes, além da equipe de apoio. Todos ficam à disposição para intervir somente se necessário. “Eu fui muito bem atendida no Centro de Parto Normal. Após 33 horas de trabalho de parto, 50 horas acordada consegui parir minha princesa da forma mais linda e emocionante possível. Pari na banqueta, ao som de trem-bala e na companhia e assistência de uma equipe excelente e também do meu marido. Gostaria de agradecer a todos e gostaria de parabenizar a estrutura da maternidade”, falou emocionada Satyê Rocha Almada, 27 anos.

A jovem mãe foi uma das 461 mulheres que tiveram seus bebês através de parto normal no Centro municipal com este fim em Teresina. Com seis meses em funcionamento na Maternidade do Hospital Buenos Aires, o Centro de Parto Normal acumula bons resultados. De setembro de 2016 a fevereiro de 2017, o centro internou 690 mulheres, destas 461 tiveram seus filhos de parto natural, o que equivale a 67% dos partos.

A enfermeira Bruna Maria fala ainda da luta das mulheres pelo parto normal humanizado. “É uma mobilização internacional e as mulheres hoje querem ser protagonistas do parto. Então é muito mais fácil querer um parto desse do que querer aquele parto intervencionista, antigo. Quem não quer ter um parto normal humanizado? As mulheres empoderadas não querem é aquele parto normal antigo, intervencionista, com a paciente sempre deitada, sem direito a acompanhante, sozinha. Da década de 20 até agora o parto foi medicalizado, institucionalizado. A mulher tinha que parir no hospital. Foi visto como uma doença. E parto não é patológico, parto é fisiológico, é normal. Hoje estamos vivenciando o resgate do parto natural. Então não tem porque a paciente precisar de um aparato todo para parir, o parto é normal e pode acontecer”, afirma.

A humanização do parto e puerpério permite a presença do acompanhante, evita partos com intervenções, evita excessiva medicalização dos partos e tem como consequencia a diminuição das taxas de cesarianas.

Humanizar e melhorar a assistência às gestantes no parto e no pós-parto.  Esses são alguns dos objetivos do Centro de Parto Normal do Hospital do Buenos Aires. O Centro foi inaugurado para atender gestantes e recém-nascidos. A iniciativa dá a opção de a mulher escolher como se movimentar livremente no local do parto e a ter acesso a métodos alternativos de alívio de dor, como massagens, caminhadas e banhos de banheira. Além disso, o Centro de Parto Normal oferece as gestantes o ambiente ideal para receber o bebê, com iluminação e temperatura adequadas. Todas essas condições oferecidas à mulher favorecem a troca e o respeito entre mãe, filho e família.

PARTO NATURAL É MAIS INDICADO

Na hora do nascimento do filho, muitas mulheres abrem mão do parto natural e escolhem a cirurgia cesariana por ser rápida e indolor. Mas essa opção aumenta o risco não só de uma infecção, mas de várias complicações pós-parto.

Os riscos de uma cesariana desnecessária são enumerados pela enfermeira obstetra Bruna Maria do Hospital do Buenos Aires. “Maior risco de infecção, hemorragia e complicações relacionadas à anestesia. Estudos indicam que na cesariana a mãe corre três vezes mais risco de morte. E o bebê tem 120 vezes mais chances de ter algum problema respiratório”.

Durante o processo de parto no Centro de Parto Normal há a análise de vários fatores da parturiente através do partograma. A dilatação uterina, o batimento cardio fetal, as contrações são monitoradas.

“Só tenho a agradecer ao apoio que recebi no Centro de Parto Normal. Profissionais excelentes, maternidade pública de qualidade. Afirmo que aqui existe humanidade e respeito ao tempo de parto, bebê e mamãe”, disse Valéria Araújo de Sousa, auxiliar de saúde bucal de 27 anos, que deu a luz ao Benjamim.

A paciente é admitida no centro quando já está em trabalho de parto ativo, com uma média de quatro centímetros de dilatação. Ela tem direito a um acompanhante da sua preferência. Depois do parto ela vai para o alojamento conjunto, durante o parto ela fica em uma suíte individualizada.

O Centro de Parto Normal do Buenos Aires conta com cinco quartos individualizados para pré-parto e parto. “Nós usamos tecnologias não invasivas para alívio de dor, como massagens, exercícios respiratórios, uso da bola suíça, do cavalinho, banho morno, musicoterapia. Incentivamos a caminhada. E respeitamos o protagonismo da mulher. Ela que escolhe a posição que vai parir. O parto normal tem vários fatores benéficos, um deles é a descida mais rápida do leite materno, o vínculo mãe bebê, o corte tardio do cordão umbilical.

Existe o aleitamento na primeira hora de vida do bebê. O contato pele a pele é essencial. O acompanhante também pode participar, cortando o cordão umbilical, por exemplo. Esse trabalho de incentivo ao parto normal tem como principal objetivo a humanização do parto, não só porque é algo ‘bonitinho’, mas porque tem base científica. Michel Odent nos lembra disso ao falar que ‘Para Mudar o Mundo é Preciso Mudar a Forma de Nascer”, expõe Bruna Maria, enfermeira obstetra do Hospital Buenos Aires.

Michel Odent é um cirurgião e obstetra, internacionalmente conhecido por ter introduzido em 1960, quando foi chefe do departamento de ginecologia, a banheira para o trabalho de parto, em um quarto semelhante a um ambiente doméstico. Odent é considerado um pioneiro em seu campo, e um cientista rigoroso que estudou e observou durante décadas  a fisiologia do parto, fazendo analogia entre o cérebro humano e outros mamíferos. Em Londres, criou o "Centro de Investigação em Saúde Primal", um banco de dados de livre acesso ao público, que recolhe estudos científicos (randomizados e controlados) e epidemiológicos, que analisam as correlações entre o que foi vivido durante o período primal (gravidez, parto, primeiro ano de vida) e a saúde física e mental na idade adulta.

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Fundação Municipal de Saúde de Teresina - FMS

Endereço Web: https://site.fms.pmt.pi.gov.br/noticia/1429/parto-natural-e-mais-indicado-para-mae-e-bebe