Antigamente, as pessoas com transtorno mental só tinham a internação como experiência de cuidado. Com passar do tempo, a assistência passou por muitas reformas. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram implantados e trouxeram uma nova perspectiva de tratamento no âmbito do SUS. Somente em Teresina, no ano de 2017, já foram realizados 50.112 atendimentos individuais nestes Centros, que são gerenciados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS).

Loide Costa foi diagnosticada com esquizofrenia há alguns anos e vivenciou essa transição de tratamento. Hoje, ela é atendida no CAPS da zona sul de Teresina e se mostra satisfeita com o atendimento que, segundo ela, trouxe impactos positivos em sua vida: “O CAPS é a minha segunda casa, a minha família, o meu lazer; onde faço capacitações, encontro apoio, exponho a minha vida para pessoas humanas. Hoje, moro sozinha, conquistei a minha autonomia e sou a pessoa mais feliz do mundo”.

“Antes, a gente vivia no anonimato, era aprisionado, medicamentado, um isolamento total. Os profissionais se sensibilizaram com a situação e se lançaram numa luta em prol de uma melhor qualidade de vida para gente. Agradeço a Deus pelo trabalho dos profissionais na psiquiatria. Mas a pessoa com transtorno mental ainda é estigmatizada na sociedade, até pela própria família. Espero que um dia isso acabe: que ela não seja tratada como um troço qualquer, mas como um ser humano”, finaliza ela.

Para Ivana Napoleão, diretora do CAPS Sul, a Fundação Municipal investe nos cuidados à saúde mental e a atuação da Rede de Atenção Psicossocial em Teresina é prova disso: “A medicina evoluiu e o tratamento mudou. Os CAPS tem prestado um bom serviço, que engrandece a FMS. Entre as importantes e recentes conquistas, estão um quiosque instalado no Shopping da Cidade para exposição de produtos dos usuários e o fortalecimento da RIA, projeto que articula a rede municipal em prol da saúde mental”.

De acordo com o presidente da FMS, Charles da Silveira, a cobertura assistencial dos CAPS no município de Teresina é classificada como satisfatória: “O Ministério da Saúde, por meio de legislação específica, estabelece que uma cobertura do CAPS com valor igual ou superior a 0,70 por 100 mil habitantes é considerada muito boa e a nossa cobertura assistencial dos CAPS é de 1,04 por 100 mil habitantes”, afirma.

Segundo Luana Bueno, gerente de Saúde Mental da FMS, em Teresina a pessoa com transtorno mental tem à sua disposição toda a rede de atenção do município: “A vida do usuário com transtorno mental não se resume ao CAPS. A nossa intenção é também promover a sua inserção social e familiar. Ele tem ao seu dispor Centros de Convivência, Unidades Básicas de Saúde, Centros de Referência de Assistência Social e várias outras instituições que fazem parte do seu território”.

Conheça o fluxo de atendimento de pessoas com transtorno mental pelo SUS

Em Teresina, o usuário com transtorno mental que necessita de atendimento básico pode se dirigir a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), considerada a principal porta de entrada do SUS. Se o médico constatar a necessidade de atendimento especializado, a exemplo de acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra, a pessoa é direcionada para, na própria Unidade, fazer a marcação da consulta, que ocorre em outro estabelecimento de saúde.

A Rede de Atenção Psicossocial conta também com 7 CAPS, voltados ao acolhimento de usuários com transtornos mentais severos e persistentes, oferecendo atendimento médico e psicossocial, além de desenvolver atividades em grupo, visitas domiciliares e outras ações que estimulam a integração social e familiar. Os Centros são divididos em CAPS infanto-juvenil, CAPS II, CAPS III (com acolhimento noturno) e CAPS Álcool e Drogas.

Os usuários podem procurar diretamente os CAPS ou serem encaminhados para estes Centros pelas Unidades Básicas de Saúde.

Em caso de urgências psiquiatras, como nos casos de surto psicótico, o usuário pode acionar uma ambulância do SAMU, por meio do número gratuito 192 ou ir de meios próprios para o Hospital Areolino de Abreu, que é referência para esse tipo de atendimento e que dispõe de médicos psiquiatras 24horas. Outra opção é o usuário se dirigir ao seu CAPS de origem, se a urgência ocorrer de segunda a sexta-feira, no horário da manhã ou tarde.