CANÇÕES DE NINAR

Projeto que resgata canções de ninar estimula o vínculo entre mães e bebês

UBS do Poty Velho mantém um projeto que procura estimular a reinserção destas canções na rotina de cuidados

Projeto que resgata canções de ninar estimula o vínculo entre mães e bebês

O contato entre mãe e bebê, especialmente nos primeiros meses de vida, é um vínculo importante muito estimulado por meio da voz. As canções de ninar, uma das formas de manter esta relação, são parte de uma cultura passada por gerações que está se perdendo frente às novas tecnologias. Para resgatar este momento, a Unidade Básica de Saúde do Poty Velho mantém um projeto que procura estimular a reinserção destas canções na rotina de cuidados.

A ideia surgiu em conversas com as mães que frequentam a unidade. “Percebemos nas consultas de puericultura que os bebês entravam irritados, e que para acalmá-los as mães botavam musiquinhas no celular ou DVD”, conta a enfermeira Nancy Loiola. “Quando nós os pegávamos no braço e começávamos a ninar, eles ficavam muito mais calmos, e aí resolvemos estimular as mães a fazerem o mesmo”, diz ela.

Uma vez por mês, as mães atendidas pelas equipes Estratégia Saúde da Família da região são convidadas a participar de um momento para relembrar as canções que seus familiares cantavam na sua própria infância. Com um violão, conversa, roda e brincadeiras, as memórias são trazidas à tona e convidadas a voltar à rotina desta nova geração de mães e bebês. “A primeira reunião contou com a participação das avós. A gente ia perguntando quem se lembrava de alguma música e puxávamos a roda para que todas aprendessem”, afirma Nancy Loiola. “Assim, montamos um pequeno repertório e montamos um CD, que estamos distribuindo na reunião mais recente, que já é a quinta”, afirma.

O hábito é incentivado até mesmo entre as gestantes, para que o filho se habitue com a voz da mãe desde o útero. Segundo a psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Thatiane Vila Nova, o vínculo mãe e bebê é crucial para o desenvolvimento da criança e se reflete em sua saúde mental no futuro. “Sabemos que o dia a dia das mães está cada vez mais atrelada às redes sociais e à rotina corrida mesmo, e por isso às vezes se coloca um pouco de lado esse olho no olho, esse cantar, esse parar para cuidar realmente do filho, que vai além de botar para dormir e atividades costumeiras”, conta ela. “O projeto veio para fazer as mães se aproximarem do bebê, conversarem e cantarem pra eles. Isso faz com que elas queiram entender importância dessa relação”, explica a psicóloga.

Nancy Loiola conta que inicialmente eles sofreram resistência por parte de algumas participantes. “Elas simplesmente se recusavam a participar porque diziam que quando foram crianças não eram ninadas por suas mães, que eram frias e grosseiras. Aí a gente conversou com estas mulheres e elas foram encaminhadas para a psicóloga, que as convenceu a construir uma mudança na história a partir de agora”, relata. “Dali em diante observamos uma mudança de postura, e algumas destas mães lideram as reuniões hoje em dia”.

O resultado tem sido observado pelas próprias participantes, que relatam mudanças de comportamento de seus filhos para melhor, e que elas mesmas estão mais atentas e preocupadas com a manutenção do contato. Uma delas é Ieda Gomes, que frequenta as reuniões desde o início e aplica em casa com seu filho Madson Grael, de dois meses. “Eu canto quando ele chora, para dormir e até para comer”, conta a mãe. Já Geisiane Barbosa diz que está ali para aprender. “A gente esquece as músicas que ouvia na infância, e relembrar é importante”, afirma a mãe da pequena Ísis Gabriela, de apenas 24 dias.

O projeto conta atualmente com 14 participantes, entre gestantes e mães de crianças pequenas. Todas afirmam que seus bebês estão mais calmos, dormem mais rápido e se aconchegam melhor no colo. “Ele se sentem melhor para poder descansar e ter essa relação com a mãe, se sentem mais adequados. Não há mais ansiedade nessa relação, eles não ficam nervosos e consequentemente as mães também não, o que resulta em uma melhor qualidade de vida para ambos”, conclui Thatiana Vila Nova.

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